terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Ainda outros factos reais. Parte III

Habitualmente nesta altura fazem-se balanços e colocam-se em relevo os factos que mereceram maior destaque durante o ano que está a terminar.
Para alguns de nós existirão factos que nos deixaram boquiabertos, outros nem por isso. Para a Manuela Moura Guedes qualquer um serve para a deixar nesse estado...
Na minha opinião existiram alguns demasiado relevantes, com sequelas irreversíveis na minha personalidade e provavelmente na minha forma de estar num futuro próximo. Um que me deixou particularmente abalado e praticamente sem esperança na paz entre os homens de boa vontade e de pés lavados neste mundo bizarro foi o episódio da bota iraquiana...e nas consequências que poderiam ter advido daí, se ambas(porra logo as duas) não errassem o alvo... Provou-se que todos os Bush têm sorte, ou reflexos, ou será mesmo má pontaria dos jornalistas quando querem “atingir” alguém? No meio deste chulé todo, não só todo o alarde em torno da notícia, mas o pivete mesmo, consegui tirar algumas ilações, conclusões e criar algumas confusões no meu casco cerebral, que últimamente só tem servido para albergar o Tico e o Teco deste frio Invernal. G.W.Bush acabou o mandato quase da mesma forma como o começou, com a razão do seu lado, de que afinal existiam armas (de arremesso) de destruição massiva no Iraque, contrariando assim a opinião pública( e a minha também) que o dava como um grande safado. Será por esta e outras razões que os EUA são grandes? Ou demorámos a perceber que talvez por isso eles tenham o Gates e nós o Portas...se calhar cada um tem o que merece...
O que é sabido e ficará para sempre gravado nos anais(não gosto muito desta palavra, lembra-me sempre o plural de qualquer coisa que não me cheira bem...) da história é que em 2008 existiu um gajo com cara de aparvalhado, com uma “vaca” do caraças ou não...sendo assim, este assunto levou-me a elaborar uma lista das eventuais personagens que eu acredito, que nunca teriam essa sorte e levariam com o chulé pelo menos uma vez nas trombas ou noutro lugar qualquer...
Fidel de Castro seria um, porque adormece habitualmente a meio dos discursos.(isto se entretanto não adormecerem os jornalistas) Xanana Gusmão, outro, porque discursa de olhos fechados. Bill Clinton por ser apanhado provavelmente com a calças em baixo. Hillary Clinton por ter de estar sempre com um olho no Bill. José Luís Zapatero, pela analogia do seu nome deixou-me algumas dúvidas, confesso. Cavaco Silva, nesta altura do ano costuma ser apanhado a comer bolo rei. Robert Mugabe por merecer e por dever uns anos à cova. O Papa Bento XVI, talvez por acreditar em milagres, não se mexesse. Paulo Bento por andar à muito tempo a pedi-las. O Emplastro porque sempre se mete atrás ou à frente de qualquer coisa. Amy Winehouse...por razões óbvias, não sóbrias...claro. Marques Mendes mas só se discursasse sem palanque à sua frente... Acho que a Fátima Felgueiras para não estragar o laqué também não arredaria pé. Cláudio Ramos por estar de cú para o ar... A Maya porque decididamente não acerta em nenhuma das previsões que faz. O Vladimir Putin porque (Deus e a mãe dele me perdoem) é um grande filho de Putin.... Alberto João Jardim porque se não for assim nunca o atingem... A mulher do José Castelo Branco por ter um grau de senilidade bastante avançado. Qualquer grande metragem do Manoel de Oliveira...Ou romance de Agustina Bessa Luís...
Perante isto acrescento que quem inventou o pão com chouriço foi um “chouriço” qualquer...que a Faixa de Gaza com tanto bombardeamento e tiroteio vai passar a chamar-se Faixa de Gaze... José Castelo Branco está interessado em candidatar-se a presidente da Junta de freguesia desta localidade, http://photos1.blogger.com/photoInclude/blogger/1938/3852/1600/picha.gif vá lá saber-se porquê...
Como tenho a mania das trilogias...dou assim esta por encerrada.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Insanidade.



Vivo no dia em que sinto a alma a trocar-me de corpo,
É este o mesmo dia em que me encerro sem fronteiras,
Sem vontades, ou no respirar de quem chamei de louco,
Sentindo a estranheza de viver no lugar de um morto,
Ou simplesmente ir definhando por já me querer pouco.
*
Já de nada me serve esta porta que mantenho fechada,
Ela sairá invisível, volátil em tempo que me é negado,
Sem preces ou julgamentos e sem uma mera revolta,
Provável insana, bestial enquanto foi cárcere doirada,
Rasgando os sentidos, deixando a minha morte à solta.
*
Não existe domínio, apenas meu ténue esquecimento,
Já não me evita a aproximação à minha demência,
Já a reneguei, estou despido deste preconceito voraz,
Sou nada e não me importa a memória do fingimento,
Sou homem que tudo fez por viver numa vida incapaz.




JMC In Redenção

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O melhor amigo do homem.


Para quem ainda tinha dúvidas sobre quem é realmente o melhor amigo do homem, eu descobri à pouco, depois de um exaustivo estudo , uma história que coloca em definitivo o animal cão como sendo o eterno e fiel amigo do homem, deitando por terra qualquer eventual ideia de colocar a mulher à frente deste animal. Reconheço que algumas "cadelas" em ocasiões especias o sejam também, assim como alguns cães de raça lambéconas o consigam ser entre alguns meios femininos. No entanto, perante alguns factos não existem mesmo qualquer espécie de argumentos. Senão vejamos;

Experimentem fechar na mala do vosso carro durante aproximadamente 3 horas, um cão qualquer, pode ser o vosso, o da vizinha que vos rosna quase sempre que vos vêem a passar, ou até mesmo um vadio. Juntamente com este cão juntem a vossa namorada, aquela tia chatarrona que chega da terra sem avisar, a esposa, a sogra ou até mesmo a tal vizinha, dona do cão que vos rosna todos os dias. Ao fim destas 3 horas abram a mala...Qual será deles dois, em matéria de probabilidades claro, o que irá levantar as orelhas de contentamento e eventualmente vos aparecerá a abanar o rabo por voltar a ver a luz do dia?
Tinham dúvidas?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Inquietude, Prólogo.

Este é o Prólogo do livro que mencionei no blog anterior.


Prólogo
A tarde aproximava-se do fim, naquele dia de Janeiro. O céu continuava num azul frio e limpo e no horizonte o sol majestoso dava sinais de começar a sucumbir à noite.
Sentado no alpendre, sobranceiro ao vasto e bem tratado jardim, Afonso olhava em redor, como se procurasse algo perdido. A relva estava bonita, cortada rente e verdejante. Ainda a reflectir os últimos raios de sol, cintilantes gotículas de água brilhavam nas suas esguias e curtas folhas. Tinha acabado de regar o jardim. Esta seria a última vez que o faria, tinha essa certeza. Das folhas das pequenas palmeiras, plantadas simétricamente, embaladas por uma suave brisa, escorriam pequenas gotas de água, parecendo-lhe lágrimas, assim como o suave balançar das folhas lhe parecia um adeus final e um agradecimento profundo e sentido por tudo o que fizera por elas nos últimos meses.
Puxou de um cigarro, acendeu-o e seguindo o fumo que se erguia no ar, sentiu algo estranho e ambíguo, um misto de tristeza e de alegria. Tristeza por saber que seria a última vez que estaria ali, tinha de se esquecer daqueles nove meses e meio, que lhe tinham trazido imensos desgostos e mágoa, e o facto de não querer recordar nunca mais isso, deixava-o visivelmente incomodado. Alegria por sentir finalmente, depois da sua decisão algo apressada mas ponderada vezes sem conta, que estaria livre de um pesadelo. Do outro lado do jardim, no pátio de saibro claro, virado para os portões completamente escancarados, permanecia o seu carro com o motor ligado, como se estivesse preparado para uma fuga rápida, depois de um assalto ou de outro crime qualquer. E era isso mesmo que estava em curso, uma fuga rápida, carregado com os seus haveres mais pessoais e íntimos, aquilo que habitualmente depois de uma catástrofe ou cataclismo, se consegue recolher, alguns despojos de guerra, isso uma guerra, aliás duas, a que terminava e a outra que se avizinhava, talvez tão cruel nas consequências como a primeira que terminava ali, naquele momento.
Os bancos de trás, bem como o da frente, estavam repletos, iria ter uma condução um pouco desconfortável, nos cerca de oitenta quilómetros que o separavam da casa dos seus pais em Lisboa.
Era para lá que tinha planeado voltar, para casa dos seus pais, por um tempo indeterminado pois também eles nunca tinham depositado muitas esperanças naquela relação, e já se tinham oferecido para o poder recolher em sua casa se alguma coisa não corresse bem. E de facto as coisas não tinham corrido bem, antes pelo contrário, correram sempre mal e tinham-se agravado nos últimos dias. Esta não era a primeira vez que tinha tentado sair. Recordava-se de todas as outras, treze para ser mais exacto, e não era simplesmente sair, era mesmo fugir. Escapar de um relacionamento mórbido, onde o ciúme doentio e amplamente sórdido, imperavam. Imposto por alguém que agora comparava e via como uma psicopata. Alguém que não tinha conseguido nem viver uma vida própria pacificamente nem estar em paz com ele.
Nas outras vezes, quando o tentou fazer, não estava sozinho como agora, nunca tivera a oportunidade que lhe surgira nesse dia, por isso mesmo, na semana anterior, tinha avisado os seus pais que se preparassem para o receber, pois era sua intenção levar a cabo essa fuga na primeira vez que surgisse uma oportunidade para o fazer.
Surgira essa hipótese, Afonso sabia que talvez fosse mesmo a derradeira e única, sabia que se não a aproveitasse iria arrepender-se para o resto da vida.
O cerco fechava-se, sufocando-o dolorosamente, afastando-o dos mais elementares simples gostos e prazeres que ele tinha pela vida. Já quase não tinha amigos e os poucos que conseguira manter, nunca deram muito crédito à sua manifesta e inconsolável tristeza. Portanto só lhe restavam os seus pais, os únicos que viram nas poucas vezes que estivera a sós com eles, a sua amargura, a sua vontade em desistir de tudo, inclusive da vida, tal era a infelicidade que Afonso mostrava.
Durante esses breves momentos de recordação da sua infeliz existência, dera conta que o seu telemóvel, que mantinha no bolso do casaco, tinha vibrado várias vezes, até lhe perdera a conta, não precisava de o atender para perceber quem estava desesperadamente a tentar falar com ele, sabia perfeitamente que Marta “sentia” que algo estava para acontecer e não era bom, para ela. Há já alguns meses que tinha retirado o som do telefone, pois era manifestamente insuportável o que ela lhe fazia, vinte, trinta chamadas ou mais por dia, e nos dias normais, pois tudo piorava nos outros dias, em que dela se apoderava uma estranha e doentia obsessão, ao ponto do cargo que desempenhava na sua empresa se encontrar em risco. Exercia uma chefia na área comercial, tendo chegado a abandonar clientes em reuniões, adiar projectos profissionais, a abdicar de viagens de negócios, não só pelos insistentes telefonemas, mas também por diversas vezes ter de efectuar um regresso a casa, mais ou menos atribulado, ou pura e simplesmente não poder sair de casa, pelas mais absurdas razões.
Determinado, desta vez não iria voltar atrás, como de todas as anteriores, não iria cair na chantagem emocional de quem muitas vezes tinha chegado a simular inclusivé o suicídio, provocando falsos desmaios, após supostamente ter ingerido uma lamela de comprimidos, espumando da boca, trancando-se muitas vezes na cozinha, com o gás aberto, dizendo que se matava e ameaçando de faca em punho cortar os pulsos se ele saísse da vida dela. Ou escondendo as chaves dos portões de ferro, que o deixavam encarcerado na propriedade em que viviam completamente isolada, e que se encontrava a um bom par de quilómetros da mais próxima povoação, Salvaterra de Magos.
Envergonhava-se de si próprio, por não ter tido coragem até aí de o ter feito mais cedo, pois sempre tinha sido uma pessoa destemida e determinada, sem receios de enfrentar fosse o que fosse, sempre tinha corrido riscos, é verdade que alguns calculados, mas sempre sem grande medo ou receio, mesmo os riscos que muitas vezes nos levam à infelicidade. E os que tinha corrido para ser feliz ao lado de Marta teriam assustado qualquer um, pois tinha a perfeita noção que o que decidira nove meses e meio antes, deixar uma vida confortávelmente alicerçada na cómoda mas instável situação de recém divorciado, tinha sido uma das mais difíceis de que se recordava.
Bom, mas isso agora iria fazer parte de um passado, doloroso e recente, com indisfarçáveis cicatrizes, mas para ele já estava a fazer parte do passado.
À sua frente, no muro alto que circundava a propriedade, pousou um corvo?!? Mau agoiro? Não achou que o fosse, apenas sentiu uma fria estranheza, sem chegar a ser uma grande admiração, pois o que se tinha passado por ali, o que lhe tinha acontecido nos últimos tempos já não o deixava ficar incrédulo, ou mesmo admirado, ainda assim, pensou por breves instantes naquilo que Marta lhe costumava dizer de cada vez que viam um corvo negro, um corvo sozinho era sempre sinal de um mau presságio. Talvez Marta lá no seu negro e maldoso íntimo tivesse razão, Afonso agora gostava que isso fosse verdade, entre outros, podia ser que fosse um mau sinal mas apenas para Marta. Desta vez iria deixar de o ver em definitivo. Esse instante foi tão breve como a presença da mórbida e negra ave, nesse preciso momento em que ambos pareceram trocaram um olhar, como se tivessem reconhecido e comparado a sua incontornável solidão. O corvo depois de um grito arrepiante e curto grito, levantou voo, e enquanto via o negro a desvanecer-se no céu, levantou-se, olhou por uma última vez em redor, o jardim estava lindo, e Afonso sentia um pequeno orgulho, não apenas pelo esforço e meses de trabalho, mas por ter feito renascer aquele jardim, que conheceu moribundo e abandonado quando ali chegara. Despediu-se como se de uma pessoa se tratasse, apagou debaixo do tacão do seu sapato, com indisfarçável nervosismo o que restava do seu cigarro e sem olhar para trás dirigiu-se ao carro, sentou-se, suspirou, deixou que um sorriso interior de efémera felicidade o invadisse. Subiu o volume do rádio e arrancou com velocidade...
No seu olhar, um brilho entrelaçado de raiva e de angústia quase não o deixava ver pelo espelho retrovisor os escancarados e pesados portões de ferro que propositadamente tinha deixado abertos...Sabia que isso deixaria completamente fora de si Marta, sempre assim fora, os portões fechados e o muro que cercava a propriedade eram muitas vezes a forma que Marta encontrava para fechar as suas vidas apaixonadas para o exterior. Ao deixá-los assim abertos não só a deixaria irritada como lhe deixava a sensação de libertar toda a sua vida que não queria deixar lá dentro...encarcerada.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Inquietude...

Neste curto período de férias apoderou-se de mim novamente a vontade de escrever. De continuar algo que comecei à cerca de três anos e que tenho deixado "parado"...chama-se Inquietude(título provisório) e deixo aqui um pequeno excerto do III Capítulo...que em boa parte já estava "escrito".



Falta-me o inconstante olhar no futuro,
Onde me canso, gasto e envelheço,
Falta-me ir de encontro ao que não procuro,
Onde me falta o princípio do meu fim,
Onde me recolho na falta, em vez de um começo.
*
Sinto um soberbo desvendar do meu segredo,
Encantado numa volátil brisa tardia,
Fico miserável ao me ocultar no medo,
Sou destroço, pouco mais que nada,
Esperando a chegada da sôfrega melancolia.
*
Talvez cedo de mais para eu por aqui ficar,
E talvez tarde de mais para eu só, partir,
Acolho-me na hora incerta para me tentar,
Num suicídio que ainda me espreita,
Que me deseja neste meu breve sentir.
*
Suspiro na falta da tua e da minha vontade,
Assim como me falta o teu ventre vazio,
Espero que nunca sofras na minha saudade,
Nem recordes aquele que eu não sou,
Lembrando somente quem nunca partiu.
*
Reconheço-te na dor de nós separados,
Como reconheço a sombra que nos persegue,
Julgarei quem nos fez injustos condenados,
Sendo mártir de uma última coragem,
Abrindo um mar onde o nosso amor navegue.

Afonso

Embora sem conseguir prestar muita atenção, tentava compreender o porquê daquele poema, deixado por Afonso naquela manhã em cima da pequena mesa de centro, na ampla e sumptuosa sala.
Lara ainda meio ensonada, dirigiu-se à janela da sua varanda, abriu os estores, olhou para o céu azul e límpido onde o sol soberbo reinava à um bom par de horas. Bocejando, esfregou os olhos, ainda mal habituados à claridade que irrompia agora pela sala meio desarrumada.
Sentou-se no amplo sofá creme, cruzou as pernas. Por um breve momento colocou a folha ao seu lado, olhou em redor. Sorriu, os seus sapatos de salto alto permaneciam espalhados pelo chão da sala. No sofá pequeno ao canto, as suas roupas amarrotadas relembraram-lhe a noite anterior. Tinha sido ali que ela e Afonso tinham feito amor pela primeira vez. Passaram-lhe pela mente, em acelerada retrospectiva todos os momentos tórridos que tinham feito sentir um ao outro. Afonso tinha-lhe telefonado nessa mesma noite. Lara apesar de não estar com muita vontade acabara por aceder a sair com Afonso devido à sua enorme persistência.
Tinham apenas passeado na pequena praia da Torre, bebido um café, conversando mais um pouco, nada de mais.
Quando a trouxera a sua casa, Lara perguntara-lhe se não queria subir, com o pretexto de beber alguma coisa e conhecer a sua casa. Esse era apenas um pretexto, pois tanto Lara, como Afonso sentiam-se imensamente atraídos um pelo outro. Já na praia, naquela tarde o tinham sentido. Como esperava, Afonso tinha dito que sim, não sem antes ter evidenciado uma pequena hesitação, talvez admirado com a franqueza de Lara, talvez por ter partido dela a iniciativa.
Não se sentia incomodada por ter conhecido alguém numa tarde e com essa mesma pessoa ter tido sexo na mesma noite. Embora esse tipo de atitude não fizesse parte dos seus hábitos, Lara desta vez estava à imenso tempo sozinha. Afonso pelo que lhe tinha contado também. Seria verdade? Teria tido alguém à pouco tempo? Ainda estaria com alguém? Deixou de sorrir, pegando na folha de papel com o poema, preparando-se para o ler. Pressentiu que eventualmente estaria ali a resposta a todas essas questões que a assaltavam. Já começara a despertar daquela madorna. E o que estaria a sentir Afonso? Teria gostado tanto quanto ela? Voltou a ler. Continuava não só a não perceber o porquê, bem como o próprio poema. Não era das coisas que mais apreciava, aliás até achava um pouco enfadonho, ler livros, romances, quanto mais poesia. Afonso seria assim? Enfadonho? Tinha percebido que Afonso não era uma pessoa superficial ou fútil e isso agradava-lhe. Imaginou-o um pouco romântico, nessa noite ele tinha-lhe oferecido uma rosa vermelha, a qual permanecia em cima do aparador, no hall de entrada. Talvez até nem lhe tivesse dado a importância devida, mas a fogosidade que Afonso tinha manifestado ao entrar em sua casa não permitiu que a colocasse numa jarra com água.
Pensou... qual a mulher que não gostaria de ter um homem romântico ao seu lado? Sinceramente... Lara era uma mulher demasiado prática, a sua profissão, a sua maneira de viver também não a deixavam ser de outra forma, mas fazia o que gostava, muitíssimo. É claro que dava importância aos preliminares, mas não tanta assim. Gostava de sentir atenção, carinho e adorava todos os jogos de sedução. Afonso tinha acabado de entrar pela sua vida dentro, assim, como um furacão, prático e incisivo...mas romântico. Deixou de ler, colocou a folha novamente sobre a mesa. Não estava com paciência. A hora da manhã também não era a mais propícia, muito menos para leituras daquele género. Perguntar-lhe-ia mais tarde, pessoalmente. Ficaram de almoçar nesse dia. Lara ligar-lhe-ia para a ir buscar assim que estivesse despachada. Levantou-se indolente, espreguiçou-se, foi até ao quarto, pelo caminho ainda tropeçou nos seus próprios passos, meio trôpega. Foi ajeitando o farto e louro cabelo encaracolado. Parou diante do espelho sobreposto ao aparador.
Os seus olhos desceram na direcção da rosa. Tocou-a levemente, sem a mover, enquanto se encaminhou novamente para o seu quarto. Apesar de tudo ainda tinha algumas horas naquela manhã de domingo. Despiu o robe de cetim rosa transparente e deitou-se novamente, sem qualquer intenção de dormir, apenas a de ficar assim, num prolongado relaxamento em cima da sua cama desfeita. Um perfume suave e agridoce, com uma ligeira fragrância a madeira, ainda invadia teimosamente o seu quarto, que se mantinha numa preguiçosa penumbra. O longo cortinado de cor rubi, ocultava por completo a janela entre aberta. Gostava daquele cheiro. Deixou cair a cabeça levemente para o lado esquerdo da cama. Era ali que o odor nascia, um suave odor que lhe deixou uma agradável permissão em se excitar. Cheirava a homem...
Não conseguiu resistir. Acariciou as pernas com as suas mãos suavemente, foi subindo lentamente, enquanto fechava os olhos imaginando que Afonso estivesse ali. Uma das mãos ficou, a outra subiu, percorrendo o que restava do seu corpo até aos desnudados seios, acariciando-os, com algum vigor, como querendo-os despertar. Não ficou aí muito tempo. Começou a lamber e a morder o indicador, enquanto a sua outra mão se mantinha apertada entre as suas pernas, escondendo um dedo laborioso. Sentia o calor a subir pelo seu corpo, abriu as pernas devagar como se estivesse preparada para ser penetrada, assim fez, colocando dois dedos no interior da humedecida vagina. Num vai vem lento, de prazer, levantou os joelhos alternadamente. Depois fê-lo mais frenética e energicamente, enquanto da sua boca saíam lânguidos e longos sons de prazer. Enquanto mordia os lábios, soltou um sorriso imenso de satisfação sem abrir os olhos, tinha acabado de ter um orgasmo. Estendeu o seu braço esquerdo na direcção onde Afonso tinha adormecido na noite anterior, imaginando-o ali...acabou também por adormecer. "

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Encerrado para Férias.

Encerrado por motivo de férias. Qualquer assunto é favor deixar recado ou dirigir-se aqui a partir do dia em que me apetecer voltar... Vocês já foram quase todos, portanto deslarguem-me sff ...


Divirtam-se! Pois eu vou pegar na tábua de engomar da minha mãe e vou tentar fazer uns tubos...


sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Lágrimas mudas


Por quanto tempo mais chora o mundo em vão,
Quantas mais lágrimas cairão num imenso segredo,
Quantas mais verei derramar no sentido deste medo,
Sentindo que apenas são as gotas de uma imensidão,
Uma seguida de tantas outras, caindo transparentes,
Caindo pelo rosto de uma criança que nasce mulher,
De uma fome e da guerra que não choram inocentes,
Lágrima ante os sorrisos da farda suja que todos fere.
*
Desaparecendo em solo árido e seco desventrado,
Lágrima que solta um adeus depois da tua partida,
Como a lágrima que recebe este amor regressado,
Chorando de mãos abertas na má sorte de uma vida,
Sábios lavam as almas juntando cada gota de cristal,
Mesmo as lágrimas derramadas sem a luz da razão,
São de rostos tristes que sofrem o silêncio de um mal,
Chorando ricos e pobres, iguais na mesma condição.
*
Existem lágrimas que riem de uma ténue esperança,
Existindo naquelas que são melodia no seu doce cair,
Eu já me conheci no pranto de quem quis a vingança,
Por mim outros já se enlutaram por julgar o meu partir.
Já choraram sem valer a pena o erguer de uma espada,
Como se uma lágrima bastasse para ouvir um grito mudo,
Transbordando dos mares como onda de espuma gelada,
E num sussurro, uma só lágrima nos pudesse dizer tudo.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Gooseneck Barnacles…Percebes…ou nem por isso?




Na senda de anteriores “realidades” escritas e descritas por aqui, depois de uma “barrigada”de cerca de dois kilos e meio destes maravilhosos crustáceos, apanhados na zona da Ericeira, apeteceu-me escrever algo sobre o dito cujo, entre outras coisas...
Sendo mais fácil de apanhar do que os caracóis(é um pouco mais lento)é no entanto nos sítios mais inacessíveis que se encontram os melhores espécimes, estando muitas das vezes acessível apenas aos mais afoitos e corajosos, ou malucos mesmo(eu de vez em quando confesso,sou um deles).
Nos últimos anos o seu preço aumentou (e de que maneira,) devido à sua enorme procura. É muito fácil de cozinhar sendo apenas necessário adicionar sal q.b. à água em que forem só e apenas cozidos.
Depois da água estar a ferver apenas 10 minutos bastam para os dexar no ponto. Algumas pessoas cozinham-nos na própria água do mar, mas eu particularmente não o aconselho.
Não existe uma regra em que os maiores sejam os melhores, antes pelo contrário. Existem algumas marisqueiras que nos oferecem espécimes oriundos de países da américa do sul(Chile, Perú) com cerca de 12 cms. de comprimento, mas eu digo-vos, não vão nisso, pois não são tão saborosos como os nacionais.
É meu dever alertar para alguns chicos-espertos de marisqueiras(algumas afamadas) que têm o costume de trazer para a mesa a travessa ainda com rochas presas na sua base, dizendo que assim ficamosa saber que são mesmo dos melhores... Treta! Isso só vai contribuir para pagarmos mais por uns calhaus mesmo...
Os melhores em Portugal e no mundo(até prova em contrário) são os da Costa Vicentina. Entre Almograve e Sagres existe uma “arte” de mariscadores, que arriscam a vida na “pesca” deste crustáceo.
Os maiores, mais estreitos e habitualmente com a cabeça vermelha são os que menos valem gastronómicamente falando, é claro, pois são aqueles que na gíria apelidamos de mijões...
A bebida ideal para acompanhar(não é Licor Beirão) vai desde a simples Imperial até a um João Pires Branco...e muito fresco. A sua forma “fálica” tem alimentado ao longo dos anos a imaginação de alguns, mas aquilo come-se retirando não só a cabeça como todo o tecido exterior envolvente...
Após apurada investigação e contrariando o ZéZé Que(amarinha) e alguns donos de marisqueiras por esse país fora, o seu nome em inglês não é understand, mas sim Gooseneck Barnacles...conhecidos em português não por perceves, mas sim por Percebes...ou nem por isso?


Deveriam ser criadas em Portugal salas de chutos para percebedependentes, é o que eu acho...



A propósito de Understands...e de chinesises...
Depois do Di Maria, de um equipamento cor-de-rosa, um treinador como o nome de Quique Flores…apesar das insistências eu não vou comentar....
José Castelo Branco grava CDS…um mal nunca vem só…alguém os compra.
Os Delfins anunciaram que iam acabar este ano…quando é que eles deixam de fazer ameaças?
O maior centro de pára-quedismo civil de Portugal é em Évora…precisamente onde vai existir uma fábrica de aviões de origem brasileira…
Espanha é o maior país da Península Ibérica.
Começo agora a perceber as pessoas que questionam a orientação sexual de J. Sócrates…acho que qualquer um tem direito a saber de que forma vai continuar a ser "fecundado"…
Não entendo a euforia por Portugal ter conquistado 2 medalhas (só nos Jogos Olímpicos…afinal de contas o Nélson Évora nasceu na Costa do Marfim e ainda ninguém conseguiu provar que a Vanessa Fernandes não veio recambiada de outro planeta…
Já se fala num dueto com José Castelo Branco e Zézé (Que)amarinha…no entanto surgem as primeiras divergências sobre a forma em como cada um quer usar o microfone...
O Comité Olímpico Português veio desmentir os meios de comunicação social, Marco Fortes afinal não disse nada polémico…a essa hora ele estava a dormir na sua caminha…
Dizem as más línguas que Vanessa Fernandes só não conquistou o 1º lugar porque a australiana que ganhou a prova de triatlo, olhou para trás uma vez enquanto ela sorria…
Segundo o Porta Voz do Governo o crime organizado em Portugal está a aumentar…Sócrates sempre disse que estava a organizar o País.
Daqui por 10000 anos quando descobrirem os "grafitis" vão-lhe chamar arte rupestre… Porquê esperar tanto tempo para lhe chamar isso?
Desde que se ouviu falar no poder afrodisíaco das ostras J.C. Branco tem andado de médico em médico queixando-se de algumas escoriações no seu rabinho...
Já vos passou pela cabeça que se um dia os chineses se lembrarem de fazer uma mijinha todos ao mesmo tempo, podem dar origem a um Tsunami? Na sequência da afirmação anterior, não perdendo o raciocínio, hoje eu sei porque razão nós temos o rio Tejo e eles o rio Amarelo… Descobriu-se agora que o polícia que acertou no assaltante do BES que não morreu, representou Portugal nos recentes J. Olímpicos na disciplina de tiro…
O termo depilar já começa a criar controvérsia mesmo antes do novo acordo ortográfico entrar em vigor…segundo alguns índios da Amazónia,isso quer dizer tirar algo para fora sim, mas não é pêlo…
Prometo numa próxima oportunidade falar um pouco mais sobre isto e sobre o termo compilar… Todos nós portugueses deveríamos estar orgulhosos, pela segunda vez consecutiva conseguimos dar a Volta aos espanhóis...
José Castelo Branco assume publicamente ser bicha, a comunidade gay marca uma manifestação a nível nacional, admitindo vir toda ela a mudar as actuais orientações sexuais...
A Nasa descobriu que existe água em Marte…
Amy Winehouse voltou a ter outra recaída…
Mariza foi convidada para a cerimónia do encerramento dos Jogos Olímpicos, o Comité Olímpico Internacional não autorizou, alegando que os chineses já têm os olhos em bico o suficiente… Afinal os ciganos não são um povo nómada…continuam na Quinta do Mocho…
Jim Morrison (Doors) tinha a alcunha do Rei Lagarto, depois de gravar “Light Me Fire” José Castelo Branco será alcunhado de Rei das Lagartixas...
Devido aos maus resultados em Pequim(os piores desde Barcelona 92) o Comité Olímpico Português estuda a minha anterior proposta de criação da tal nova modalidade...o salto em grossura...
Luís Filipe Viera admite, é mais fácil o FC Porto revalidar o título este ano do que o Benfica ser o próximo vencedor da Liga dos Campeões...
Eu e o Habito do Monge decidimos escrever um livro sobre o Heavy Metal...ele escreve e eu critico...
Depois da contratação do Hulk pelo FC Porto, Luís Filipe Viera, deslocou-se de urgência à Disneylândia...alguns comentadores desportivos pensam tratar-se da contratação do Pateta...
O campeonato da Liga Portuguesa de Futebol começou a época com novas regras em Alvalade... a grande aréa passou a ter mais dois metros...
Foi mais um momento de ócio que me levou a escrever estas m.....

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Pedaços


Naquele estranho lugar onde eu nasci,
Onde os homens se ajoelham nos rituais,
Onde os espelhos mentem como iguais,
Existe um único caminho que eu percorri,
Uma certeza que não se chama saudade,
Mães que nos acolhem em beijos ingratos,
Soldados que atiram sobre os insensatos,
Pobres famintos que mendigam a vaidade,

*

Naquele estranho lugar onde eu cresci,
Crescem flores nos buracos do alcatrão,
Morrem os amores e as pétalas pelo chão,
Desintegram-se pedaços do nada que vivi,
Crianças que estropiam lágrimas perdidas,
Nos olhos cintilantes das noites sem gente,
Por entre as mãos sujas, por entre feridas,
Renasço eu de um anjo negro indiferente,

*

Daquele estranho lugar de onde eu cheguei,
Trouxe a memória de um outro vazio repleto,
Esta ganância que arrastei por este trajecto,
É soberba e generosa, foi por ela que ultrajei,
Tanto quis o silêncio, tanta vez fugi de mim,
Servi como os outros para ser quem não quis,
Dos meus e de outros pedaços assim eu me fiz,
Fui o princípio de tudo e de nada sou meu fim.


*
JMC In Redenção

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Renegado.


Da coragem de um valente,
Nasce um guerreiro derrotado,
Herói no tempo ausente,
De solidão e cansaço,
Seguindo no vento arrastado.
*
Nas suas armas já rendidas,
Nas suas vestes andrajosas,
Orgulhoso nas suas feridas,
Cicatrizado na emoção,
Chorando dores silenciosas.
*
Por causas justas trespassou,
Corações de outros inocentes,
Por outras causas não matou,
Esperanças loucas,
E a vida de outros valentes.
*
Lamenta a sua sentença,
Fecha os olhos encolhendo a dor,
Percorre a memória que pensa,
No sangue que derramou, I
njusto sem qualquer valor.
*
Como um bravo guerreiro,
Soldado, anónimo desconhecido,
O destino o deixou parceiro,
Da morte companheira,
Estar vivo, tendo já perecido.
*
Gasto, como homem é segredo,
Na sombra da vida renegada,
Lutas em que não esteve, não tem medo,
Apenas pede a memória,
E a vida que sempre lhe foi negada.
*
JMC In Contradição

sexta-feira, 18 de julho de 2008

46664

Hoje é o dia do aniversário de um homem que eu muito admiro pela sua coragem e altruísmo, Nelson Mandela.
O título deste blog, é como todos sabem o seu número do presídio.
Foi preso político, como muitos outros...O seu cativeiro durou 26 anos.
Quando foi libertado, poderia ter aproveitado e vingar-se dos seus algozes, outro qualquer o faria. Mas não, dedicou os seus dias ao apaziguamento nem sempre fácil, de toda uma Nação. Hoje nota-se que tem "mais" de 90 anos, tal foi o seu empenho durante toda a sua vida contra todas e quaisquer descriminações, todo o resto o mundo já sabe.
Pena que África nos continue a dar Mugabes e outros piores...pena que não vislumbre num futuro próximo, mais Mandelas...pois o mundo seria um pouco melhor, menos fome, menos atrocidades, mais humanismo.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Quis.


Quis voltar,
E fiquei.
Quis perder
E venci.
Quis sonhar
E acordei.
Quis ser criança
E cresci.
Quis chorar
E sorri.
Quis começar
E acabei por não saber,
O que queria de mim.
*
JMC In Contradição

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Renascer.


Houve um tempo em que esperei,

Por mim, por um horizonte,

Por raros momentos, por alguém,

Agora que corro atrás de mim,

Espero aquilo que nunca serei.

*

Das cinzas de um tempo acabado,

Resgato um futuro esquecido,

Procuro ausência, sem me ter lembrado,

Que o começo de qualquer fim,

Tem princípio sem ter começado.

*

Agradeço o reencontro da saudade,

Por a conhecer desde sempre,

Por sempre me ter chegado tarde,

No amor, na dor, na contradição,

De estar mentindo com a verdade.

*

Termino a juventude perdida,

Sem nunca a poder ter deixado,

E com isso acabo sem saída,

Sem mudar o rumo, ou a perdição,

Voltando atrás, em mais uma partida.



*



JMC In Contradição

Abrigo,


A noite chega num raro esplendor,
Na vida de quem não quer viver,
Abandonado nos seus braços,
Sente a brisa que entardece a dor,
Sentindo a vida, que faz por perder.
*
Deita-se esperando que o mundo acabe,
Procurando o abrigo inexistente,
Privando com as privações,
De si já nada quer, nem sabe
Se os outros podem sentir o que sente.
*
O amanhecer fica-lhe longe no olhar,
Assim como o passado sem lembrança,
Mais vale ficar por aqui,
Nestes breves momentos, manda-se calar,
Não querendo mais encalhar na esperança.
*
Já não sofre na dor que lhe foi imensa,
As questões e dúvidas não o enlouquecem,
Estranha a lucidez alcançada,
Mas não a vida num corpo que já não pensa,
Nem os demónios que lhe aparecem.
*
Só pede que os anjos não se afugentem,
Para longe, pois está próxima a viagem,
Esquecendo o medo, fica-se pelo anseio,
Quer nesta última viagem, que lhe apresentem
O fim, a luz interminável da coragem.
*
JMC In Contradição

domingo, 13 de julho de 2008

Abismo.


Agora calmo, no cadafalso,
Agora olho os últimos instantes,
Com Deus a cobrar-me a sorte,
Pelos braços do carcereiro, no percalço,
Rodeado de rostos inconstantes.
*
Se o céu agora chorar, eu chorarei,
E se os homens ficarem sentidos,
Com a minha pena inexistente,
Então sou réu que não calei,
Sorrirei aos demónios iludidos.
*
Tempo que não me chega tarde,
E não me sinto chamado,
Nem me sinto oferecido,
Acho-me sorte em tempestade,
Encontro-me a gritar calado.
*
E como quero acabar feliz,
Sem nunca ter sido indigente,
Alcançando o invisível,
Conhecendo o que não quis,
Sofrendo tão tardiamente.
*
Voltarei cavalgando o vento,
Sulcando os profundos oceanos,
Encarando o vosso medo,
Do abismal sofrimento,
Escondido nos vossos desenganos.
*
JMC In Contradição

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Factos Reais parte II.


José Castelo Branco faz operação para mudar de sexo...os médicos não se entendem...como mudar algo que não se sabe onde está?
Miguel Sousa Tavares pela primeira vez na vida admite concordar com alguma coisa...que foi ele quem escreveu o Equador.
Fátima Felgueiras e José Veiga após longos anos de dependência admitem deixar de vir a usar laca.
A selecção Nacional de Futebol finalmente tem um plantel da mesma nacionalidade...todos nascidos em Pernanbuco.
Continuando a sua política de desertificação nacional, Sócrates acaba com o último Hospital fora de Lisboa...o Amadora Sintra.
Os Rolling Stones, devido ao avançado da idade, esquecem-se de actuar em Portugal.
Após apuradas investigações, cientistas descobrem que Manuela Ferreira Leite, o Emplastro e Vanessa Fernandes provêm da mesma árvore genealógica.
Noventa por cento dos portugueses acredita que José Sócrates não é Engenheiro, incluindo ele próprio.
Luís Filipe Viera e José Rodrigues dos Santos passam o primeiro casting para o novo anúncio do Hipermercado Jumbo, embora sintam algumas dificuldades em passar numas portas. Contrariando a tese de Ricardo Araújo Pereira, Zézé (Que)amarinha, não é gay...é parvo mesmo. Carolina Salgado,” alternando” entre a ficção e a realidade escreve um novo romance... «Um sopro Azul e Branco», baseado em algumas “aberturas” de Pinto da Costa...
Afinal a nossa selecção de futebol continua cheia de vedetas e só com vitórias morais...
Portugal inventa uma nova modalidade olímpica...o salto em grossura...
Manoel de Oliveira dirige uma nova sequela do “Serviço de Urgência” em slow motion...
O Hábito do Monge e o Rei de Ouros podem vir a ser processados por sucessivas incursões em copos de água de matarroanos...
Xanana Gusmão e Fidel de Castro discursam na tomada de posse de Barack Obama... enquanto isso acontece a Nasa consegue colocar um astronauta em Vénus e ele é reeleito para um segundo mandato na Casa Branca...
O pitês (baptizada pelo Puto do Casaquito)passa a ser a língua oficial portuguesa, destronando assim o novo acordo ortográfico, que se mantém como dialecto, afinal tás wuinda e humida soa melhor e é mais seco que és gatona umida e gostosona...
Num dos novos anúncios da Galp, os figurantes escolhidos para empurrar o autocarro da nossa selecção empurram-no por uma encosta abaixo...
Scolari finalmente reúne consenso no Chelsea...todos o querem de lá para fora...
Apito Dourado...afinal a montanha pariu um rato... Já conheces a Marina de Cascais? Não! Conheço é a Bibá Pituxa de Carcavelos...
Quando um homem vai na rua e é assaltado por uma dúvida será motivo para queixa na polícia? Joe Berardo tem dúvidas entre criar um museu no Benfica ou colocar o Benfica num museu...
O pitanhês(oriundo das terras altas passa a ser a segunda língua mais falada em Portugal, a seguir ao pitês claro, termos como wuinduzsinha, cabronazsinha, cabraozsão, começam a dominar o nosso dia a dia...
Lili Caneças aparece nua na revista da National Geografic...Zezé(esse mesmo) é visto a comprar várias embalagens de Viagra numa farmácia em Portimão...ninguém vê relação nestas duas notícias...
Carlos Queiroz, é o único treinador com (2) títulos mundiais...de futebol conquistados ao serviço da selecção nacional...goste-se ou não dele.
Agora é a vez de Vale e Azevedo gozar com a justiça portuguesa.
As bandeirinhas debotadas continuam a dar mau aspecto nas varandas e nos popós.
Iron Maiden continua a ser uma banda de excepção.
Tinha pouco que fazer...por isso deu-me para escrever mais estas merdas...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Heróis sem causa.


Sei de presidentes e generais que ordenam,
Que existam ainda,
Homens e meninos a cumprir,
Que por uma causa, à morte acenam,
Que por causa dela não podem fugir.
*
Sei de lutas, guerras, ditas santas,
De glórias ganhas,
E de muitas outras, perdidas,
Mães, esposas e outras tantas,
De olhos no céu e lágrimas caídas.
*
Terras e mares conquistados,
Negras as noites passadas em claro,
Entre nações feita a secreta aliança,
Vão militares, voltando destroçados,
Sem um único dia de esperança.
*
Combatem a sorte, até o vento,
A carne e a alma rasgadas,
Agonizando nas trincheiras,
E gritam por quem o sofrimento?
Pelas pátrias? Pelas bandeiras?
*
Sei que não faz qualquer sentido,
A cicatriz da guerra,
Porque abandonam jovens a casa,
Sendo o seu epitáfio...desconhecido,
Sendo lamentados em campa rasa.
*
Vejo as águas púrpuras a correr,
Não vendo o regresso,
Sinto o odor da terra queimada,
Acabam homens e meninos de morrer,
Ouço as armas que já estão caladas.
*
JMC In Contradição

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Mete Logo.


Uns dirão... mais do mesmo, outros dirão lá vem a conversa de merda outra vez...eu digo que se lixe, vou dizer, aliás vou contar um episódio que se passou à pouco dentro da minha empresa.
Na empresa onde eu trabalho, aliás onde também sou accionista, (tenho duas acções, não se riam, deve ser uma boa e outra má concerteza) tenho um colega que é divorciado, desajuntado( e à beira da reforma) e não sei que mais, nem estou interessado, acho que viúvo não.
Bom mas esta nota introdutória(ia saindo mal a introdução) bolas...(outra vez)passemos à frente... Ele está numa área profissional diferente da minha e numa conversa de corredor entre o vai vem dinâmico dos gabinetes(sim aqui nós mexemo-nos, não parece mas é verdade), oiço este comentário com outro “aspirante” a nosso colega...” sabes que ontem estive a jantar com um amigo e ele indicou-me um site onde as gajas lhe vêm “comer” à mão, mostrou-me algumas dez mensagens de gajas que só falavam em comer, beber, lamber e outras coisas acabadas em prazer... Naquele momento senti que sabia o nome que ia sair daquela conversa...O outro nem teve tempo de lhe perguntar...ouvi o nome e parei...Netlog! Isso mesmo o nome do site é o Netlog.
0 Netlog ao tempo actual, 27 de Junho de 2008 é um site de putas.
É um site onde gajos procuram gajas e vice versa para (se) foderem.
Fiquei a pensar durante uns segundos...o site onde eu me inscrevi, em Dezembro de 2006, para me divertir, onde conheci amigos e amigas excepcionais, onde vim a saber mais tarde estarem pessoas que já conhecia pessoalmente, o mesmo site onde exponho as minhas ideias e me divirto como num café ou num restaurante, onde conheço pessoas que acabo por ir com elas a sítios públicos, (cuidado Why, Bios, e Hábito, mas foi num sítio muito pouco recomendável que vos conheci...) O site onde está a minha mulher, é um site onde grassa a má fama e o putedo...
Ainda lhe disse se não conhecia o HI 5, ainda lhe adiantei que eu estou inscrito nesse site, como estou neste( ele abriu a boca de espanto, eu abri alma do espanto e do arrependimento, confesso) Ainda lhe expliquei que estar aqui ou na rua onde passa ou nos cruzamos com qualquer um é quase a mesma coisa, que quando aqui me inscrevi foi para fazer o que estou a fazer...mas foi em vão...ele enfiou-se com o outro no gabinete e só me apercebi de quanto é injusta e imerecida esta fama quando ele desesperado, não conseguia “copiar” a password e escolher um nick name...para iniciar a sua demanda...
Bom caindo novamente em mim, reparando nos últimos tempos no que aqui se tem passado, reconheço uma coisa e vão-me desculpar a comparação, mas sinto que vivo e que passo todos os dias a caminho de casa ou do trabalho num “bairro” onde alguém deixa entrar o “gado” a “caça” e os respectivos “caçadores”. Vou fazer o quê continuar a viver num “bairro” onde existe má fama?
Qual de nós gostava de viver no Intendente? Portanto o homem tem mais que razão, isto está mal visto, e se com adultos ainda vamos esgrimindo a nossa vontade de mudar e não deixar que se acerquem de nós, quando reparo nos e nas menores de 18 anos (não sei se a pedófilia não andará por perto já)a “ensaiarem” os primeiros passos no Netlog, penso que este site bem podia mudar de nome...para Metelogo ou quem sabe Metenojo...
Tenham um bom fim de semana Hoje também tinha pouco que fazer e deu-me para escrever mais uma merdas...

sábado, 14 de junho de 2008

Linhas.


Nestas linhas bruscas, paralelas, vislumbro a tua coragem,
Levam-me neste trem, onde deixo a minha vida adiante,
Nas tuas mãos eu sigo sem medo de interromper a viagem,
Sem amarguras ou tristezas que me foram uma constante.
*
Embarques, desembarques, a minha outra vida ficou distante,
Estou de mãos vazias, estou pobre, mas não viajo em vão,
Espero-te nesta linha, sem querer mais que um teu instante,
Viajando comigo, descendo a meu lado na mesma estação.
*
Circulo já sem querer a saudade do que foi meu passado,
Prevejo o aço frio deste novo caminho de ferro com sentido,
Prevejo a fantasia de um sem rumo como fui anunciado,
Cerro os olhos para te sonhar, dou-te o meu corpo despido.
*
Em cada paragem deixo-me esvair por me sentir atrasado,
A paisagem faz-me a mudança em tempo que eu acho fugaz,
Felicita-me por estar a caminho e o comboio quase parado,
Desafia-me a esperança e a tua espera que me deixa incapaz.
*
A última estação fica no infinito desta linha que eu imaginei,
És o meu único trajecto, a demora que em nós quis acreditar,
Quem descobriu esta linha férrea foi um amor que eu sonhei,
Um desejo que sobreviveu, um doce querer de em ti viajar.
*
JMC In Redenção

Alguns factos reais.


Este ano vamos ver-nos livres do Bush mas não dos Americanos.
A Manuela Moura Guedes é um dos melhores exemplos de que ter uma boca grande não é sinónimo de dizer grandes coisas.
Não é este ano que o Processo Casa Pia fica encerrado.
Fingir que se é Engenheiro é um óptimo ascensor político.
Na próxima quinta feira teremos uma destas 3 certezas; O Scolari é um óptimo treinador; O Scolari afinal tem é uma vaca do caraças; O Scolari é bom para espalhar merda à mão...
Os combustíveis ainda podem subir esta semana.
Ao fim de 50 anos ainda não consegui vislumbrar uma noiva bonita nos casamentos de Santo António. Ainda não percebi o porquê de um novo acordo ortográfico.
Um dos anúncios da Galp é um bom exemplo de como vai esta Nação...uma cambada de anormais a empurrar um autocarro cheio de ilusões.
O D. Duarte Pio nunca será Rei de Portugal.
Os Metallica já não são o que eram.
A Marisa é uma cantora de Fado não é uma Extra Terrestre.
Ser mulher de futebolista hoje em dia é considerada uma profissão.
Ser ex mulher de futebolista dá direito a um convite para o Dança Comigo.
Ficar em 4º lugar no campeonato nacional de futebol (ainda) não dá acesso à Liga dos Campeões. O Herman José já dificilmente me faz rir.
Soltar gases em público perto da Carolina Salgado pode dar origem a um Best Seller.
O Alberto João Jardim vai continuar a fazer o que lhe dá na real gana.
Quem conseguir ouvir o João Malheiro durante 10 segundos é alguém com um óptimo estômago. Ser Portista em Lisboa é lixado como o caraças.
O crime em Portugal não só compensa...como ainda pode dar recompensa.
A Romana tem sérias dificuldades em passar nos detectores de metais no Aeroporto.
Os Xutos e Pontapés são a melhor banda Portuguesa.
Continuo sem saber quantos livros vendi até hoje.
O Cláudio Ramos e o Castelo Branco por mim podem fazer o que quiserem...ter inveja é coisa feia.
O Verão ainda não começou oficialmente, aguentem-se.
O Vitor Baía é o jogador de futebol com mais títulos no mundo.
. Não tinha nada para fazer, daí ter escrito estas merdas.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Epitáfio.


Vejo-me no suicídio que sinto à espreita,
No ódio que me começa no corpo a estropiar,
Não esperem que assista ao meu julgamento,
Na morte digo-te adeus, cobarde maleita,
Perdes-me a vida, como a brisa se perde no vento.
*
Acho as cinzas no vale de sombras enlutado,
Onde me envolvo em seus defuntos odores,
Das campas abertas e epitáfios perdidos,
Onde recordo o silêncio profundo e calado,
De noites mortas e de carrascos vendidos.
*
Mantos de tons púrpura ensanguentados,
Cobrem-me a consciência sem minha vontade,
São altares de pedra fria em templos vazios,
São tempos idos, em tempos por si acabados,
Irmãos que se exterminam nesta irmandade.
*
Oiço o favor fazer do mísero, homem maior,
No fúnebre discurso, de suas vestes enlutadas,
Choram-se lágrimas passadas em falso fervor,
Dão-se as preces na troca de vidas acabadas,
E eu tento a hipocrisia, que me tenta melhor.
*
A soberba invade falsos amigos na denuncia,
A vaidade vai desnudar todas as aparências,
Dás-me a inveja que penetra sem renuncia,
Sem merecer os esgares de condolências,
Transparentes numa lágrima que se anuncia.
*
JMC In Redenção

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Máquina do tempo


A colisão dos tempos é insaciável e a derrota chega devagar,
Os sinais foram dispersos e os anjos nunca aqui estiveram,
Os homens não progridem e os chacais começam a chegar,
Longas vão ser as noites, gélidas de uma estação de abismo,
Ainda agora sucumbiram os algemados, os que não souberam,
Sorrir e dançar na ironia de um destino de fraterno cinismo.
*
Os enigmas sôfregos de um final são apenas um leviano começo,
O meu corpo é devassa nossa e a minha pele o princípio de ti,
Não me recordes desse caos, que é sangue onde eu me esqueço,
Não me dês regras à liberdade, eu sei quem ficará para nos contar,
A máquina do tempo afinal não existe e este meu sonho acaba aí,
Onde os peregrinos se perderam, onde eu vi as mães a chorar.
*
Ensurdeço, as vozes discordantes no uníssono de preces sagradas,
Aos deuses erguem-se as faces lívidas de ser apenas sobrevivente,
Abastadas na esperança que rareia, afastadas de outra condição,
Os senhores de outros, com destino igual nas vidas condenadas,
Babel é a torre sem regresso, é pedra sobre pedra, cimo indigente,
Ruína constante na fraude humana, cálculo despido sem razão.
*
Seguidores de tempos perdidos, descalços de caminho indeciso,
Pérfidas serpentes rastejam no paraíso que de azul nem o céu,
Temo apenas deixar os últimos, os que ficam para o final juízo,
Os que temem os sacerdotes, os templos e o tempo que se finda,
Homens que são lanças, mulheres que nascem atrás de um véu,
Temo o altar do sacrifício, a máquina que é do nosso tempo ainda.
*
JMC.

domingo, 4 de maio de 2008

50 Cent. com menos uns trocos?

No Festival Internacional da Paz 50 Cent assaltado em pleno palco na cidade de Luanda.
O músico 50 Cent foi vítima de um assalto em pleno concerto no Pavilhão da Cidadela, em Luanda, na última quarta-feira, no primeiro dia do Festival Internacional da Paz.
O assalto aconteceu quando um indivíduo emergiu da assistência, atravessou a segurança e surpreendeu o cantor americano no palco, arrancando-lhe o fio do pescoço. O artista ainda tentou impedir a investida ao atira-se à assistência para onde o autor do roubo se dirigiu em fuga, mas sem sucesso, conta o jornal angolano Angonotícias.
Chateado, o rapper retirou-se de seguida com os elementos que compõem a crew G-Unit, sem chegar ao fim do espectáculo.
Este festival tem organização da produtora Casa Blanca. Segundo outras notícias avançadas, este fio está avaliado em cerca de 650.000 Euros?!?
Perante isto, apraz-me dizer que estou de sorriso de orelha a orelha, não que o mal dos outros seja motivo para satisfação pessoal, embora possa acrescentar que o seria porque abomino o "género" musical,( sou metaleiro nada a fazer) ou até mesmo por achar o personagem 50 Cent. de bastante duvidosa credibilidade mental, mas sim pelo facto de uma vedeta(mais uma) se ir pavonear (mais uma vez) para um país que se encontra na mais completa ruina humana e social, um país onde todos os dias se perde a conta de quantas crianças morrem de fome ou de um rol infindável de doenças. Um país onde grassa uma das maiores corrupções a nível mundial, onde estão ainda por desactivar um sem número de minas antipessoais, etc.
Por estas razões dou os meu parabéns ao corajoso larápio, mais como ele deveriam existir, e nunca deveriam ser castigados, se se viesse a comprovar que a dita jóia viesse a saciar a fome de tantos...infelizmente sabemos que assim não será e se ele ainda estiver vivo a jóia foi com toda a certeza "encher" os bolsos de outras "personagens"...
Apetece-me dizer grande bem feita!!!

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Embriaguez


Sais na noite de bar em bar,
Onde outros esvaziam conversas
Mudas de sentido; no vulgar ritual,
De escusadas promessas.
*
Da vida que não te deseja,
Mal dirás na frustração,
Acompanhada do teu sofrer,
Silenciosa...por condição.
*
E vês-te a ti num copo vazio,
Solidário, calado e transparente,
Servido nas vezes sem conta;
Vulgarizado, continuamente...
*
Sou capaz de te imaginar,
Nos passos do teu egoísmo.
De concordar no teu suicídio,
Incapaz de te indicar o abismo.
*
És cliente da influência,
Jogador de muito perder,
Adormecido no instinto, I
nsuficiente...como ser.
*
Anjos passeiam na madrugada.
Conduzidos na tua ficção.
Negros demónios embriagados,
Empenhados na tua extinção.
*
JMC In Contradição

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Mundo diferente.


São dois os mundos, que por aqui são tão diferentes,
São assim dois, os lados de uma mesma moeda,
Um será primeiro, o outro não mais que um segundo,
E será mudo este segredo e serão sempre aparentes,
As diferenças entre o que aparenta e o que é profundo.
*
Criam-se algumas vidas à parte por sonho ou fantasia,
Escondem-se outras mais nas múltiplas imitações,
Habitam-se por troca, algumas vidas inexistentes,
Temporárias, sem percebermos que essa ousadia,
Nos leva ao mesmo sítio por caminhos diferentes.
*
Inventam-se vidas paralelas quando apenas uma chegava,
Seria aquela que temos e um só mundo era quase perfeito,
As pessoas sem as máscaras, ou um sorriso verdadeiro,
O mundo sem elogios artifíciais, não este que nos sobrava,
Inventado como segundo, terminando com aquele primeiro.
*
JMC In Redenção

terça-feira, 15 de abril de 2008

Dasssss

Pinto da Costa de urgência no Hospital da Luz? Dassssss é preciso ter galo!!!

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Alentejo...longa seara de desejo.


Vi-te, a ti Alentejo
Sofrer como ninguém,
Das tuas searas de desejo,
Teus filhos vi Abandonar;
irmãos de minha mãe.
*
Vi-te, nos olhos a tristeza,
Teus montes de branco caiados.
Vi-te ficar só, camponesa,
Também só,
Te vi ser chorado.
*
Vi tua paisagem serena,
De planícies soalheiras.
Vi não valer a pena
Homens, sentados
Ao serão das tuas lareiras.
*
Vi-te pastor sem ceia,
Sem rebanhos para guardar,
Sem crianças, a aldeia,
Sem futuro,
Vi-te também abalar.
*
Minha terra de mel
Que o Sol sempre aquece,
Porque te amarga o fel
As entranhas,
De ti e de quem te apetece.
*
Vi-te homem sem jorna,
Moleiro sem trigo, a moer
A azenha que já não torna
Os grãos em farinha,
O forno sem pão para cozer.
*
Vi-te linda ceifeira,
Sem joio para separar,
Vi-te no chão, a peneira
E a magana da vida,
Que não te deixa mais ceifar. *
Vi-te ficar além Tejo,
Por entre barrancos de vida,
Perdi-te já não te vejo,
Nem oiço em ti,
Minha infância perdida.
*
Digo-te a saudade,
Que nunca foi adeus.
É apenas e só vontade
De para ti voltar,
E nascer, filhos meus.
*
JMC In Contradição

quarta-feira, 9 de abril de 2008

terça-feira, 8 de abril de 2008

Menos que nada.


Silhueta, vaga, perdida?
Num espaço imenso,
Sem perfil, sem sombra,
Sem dor sentida;
Que não fogo intenso.
*
Jaz na penumbra,
Algures,
Entre nada.
Vã promessa de afecto,
Sem rumo tomado,
Não é cinza nem pó;
*
É sitiado do trajecto,
Ausente do tempo danado;
É desgraça só,
Sorte agonizada.
Foi a promessa profecia,
Sem idade, sem a razão,
*
Era o olhar do futuro,
Mas não passou de heresia,
Misericórdia então,
Por quem não é puro,
Por quem?
Por todos.
*
A serpente, a maldade,
Por espelhos abençoadas,
Subiram do Inferno.
Ruíram as Santidades
Outrora encantadas,
Nunca e sempre eterno,
É o fogo,
Que arde sem lume.
*
JMC. In Contradição.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Um rebelde em ascensão ou o desleixo dos adultos?


Será que devem ser só eles os visados ou serão a parte mais fraca e neste caso a que dá mais jeito criticar?

terça-feira, 1 de abril de 2008

Poetas2


São macabros e doces,
Amantes e violadores,
Mendigos inconstantes,
Pedintes e impostores,
Indolentes fulgurantes,
São a chama do fulgor,
A discutível certeza,
Insensatos na proeza,
Tolerantes sem favor.
*
São lobos e cordeiros,
Pastores sem seita,
Doentes sem maleita,
Ingénuos e matreiros,
Brisa e a tempestade,
Juizes prisioneiros,
A mentira e a verdade,
A justiça e o castigo,
Homens sem abrigo,
Vaidosos sem vaidade.
*
Desiguais na semelhança,
Ricos, vão embora pobres,
Ralé, sendo nobres,
Partilhados na esperança,
São um escuro de repente,
Ou um amor trocado,
Também clarão demente,
Um ponto ou universo,
Um frio acalorado,
Em prosa ou no verso.
*
Um riso na tristeza,
Ao chorar da alma,
São ricos na pobreza,
Enervados na calma,
Descrevem as guerras,
Os gigantes Golias,
Cantam o mar e as serras,
Adamastor e as naus,
Silêncio nas melodias,
Sofrem o fado a trinar,
Saboreiam o caos,
Sem morrer, sem matar.
*
JMC In Redenção

quarta-feira, 26 de março de 2008

O beijo do silêncio


Chegas traiçoeiro em teus lábios cerrados,
Beijas de olhos abertos em meu tormento,
Queres encerrar-me em meu abrigo maldito,
Abraças-me, e eu a ti, no frio, desinteressados,
Desterras-me na ausência onde me acorrento.
*
Silencias quem não nos quer ver calados,
Secas-me as lágrimas que quero de alegria,
Feres-me de morte nos receios infundados,
Queres-me sem sorte, ou mesmo sem preço,
Dás-me a vontade de me acabar neste dia.
*
Sabes que me posso perder no teu silêncio,
E que me posso encontrar na tua solidão,
És um beijo que eu sei que não mereço,
Parente de fantasmas que eu não conheço,
Filho de mãe que pariu um filho em vão.
*
Venço-te se a minha face eu não te oferecer,
Se lábios meus se abrirem quando acordar,
Se o desejo que eu trago nunca me perecer,
E se nunca aos teus lábios gélidos eu me chegar,
Se no beijo do teu silêncio eu jamais me perder.
*
Não me deixes perder no silêncio...

quarta-feira, 19 de março de 2008

Pai.


Hoje acordei triste como o dia me deixou,
Tentei disfarçar, aos outros, tentei disfarçar-me,
Acordei triste talvez por saber quem não chorou,
Tentei e desisti, por não conseguir enganar-me.
*
É a ti que eu devo metade daquilo que eu sou,
A outra metade devo-a a alguém que tu amaste,
Hoje vi o sorriso de uma criança que me calou,
Hoje fiquei triste, porque senti que me falaste.
*
E tu nunca foste metade de nada, sempre pai,
Nunca te senti ausente, mesmo quando parti,
Hoje eu acordei triste como este tempo aqui vai,
Hoje pensei o quanto eu sinto falta de pai, de ti.
*
Hoje li alguém dar uma esperança e desconfiar,
Porque os sonhos são apenas uma mera realidade,
A esperança nada é, nada fica se ela não se realizar,
Nada perdura, se algum dia perdermos a saudade.
*
Perdoa-me se eu afinal podia ter estado naquela hora,
Eu agradeço-te por me teres dado a liberdade cedo,
Perdoa-me por não ser filho, por te ter deixado ir embora,
Talvez eu hoje consiga, por ti chorar em segredo.
N 20/05/1918 F 10/02/2008

segunda-feira, 17 de março de 2008

Lua.


Tua luz é um brilho que vejo emprestado,
Incandescente na tua imensa solidão,
Feiticeira, mesmo passageira e ser adorado,
Em outras, sinal de quem te vê a superstição,
Quando és bem querida, Mesmo por entre nuvens escondida.
*
Altiva, luz de caminhante e marinheiro,
Viajante no tempo e no espaço segredos,
Melodia de trovador, letra de cancioneiro,
Confessam-te amores, coragens e medos,
Lágrima, mistério sofrido, Num reflexo dorido.
*
Chama inerte, pois que esse fogo não é teu,
Chamam-te nova, minguante, cheia, crescente,
Regulas marés, quando te penduras no céu,
Rogam-te preces, como por ti já morreu gente,
Sacrifícios em velhos altares, Sacerdotes sem tu mandares.
*
Eclipse onde te escondes, onde apagas teu ser,
Onde na tua silhueta, por segundos és magia,
Negra e alva de seguida, transparente de se ver,
Anciãos ou magos, egoístas roubam-te a poesia,
Ficas presa por um cordel, Chamam-te lua de papel.
*
Tens uma face, outro lado negro que não é luar,
Obscuro, oculto, incerto para o outro mundo,
Nasces no entretanto de uma luz que vai findar,
Fases em que ficas, fazes que não vês moribundo,
Ficar este mar, esta terra, Esta fome e esta guerra. *
JMC In Redenção

sexta-feira, 14 de março de 2008

Punição


Acordei, no meu sonho que se desvanece,
Dissipando-se volátil no lúgubre nevoeiro,
No trágico cadafalso,
O meu algoz que de nós todos escarnece,
O povo que aqui chega aos magotes, ordeiro.
*
Vou assistir à minha infindável punição,
Vou sorrir ao castigo, antes de me findar,
Perdoar aos juízes,
Que, não sabendo, me oferecem a redenção,
No cinismo de que me podem acusar.
*
Ganho asas na brisa que se afugenta,
Dou o meu sangue a beber aos chacais,
Vampiros sedentos
Infligem-me o punhal que não me atormenta,
Sem a dor, nem o sofrimento dos demais.
*
Ainda espero o efémero resgate da alma,
Ouvindo o uivar dos lobos meus aliados,
Meus amigos irmãos,
Chorando na noite que me chega calma,
Ao murmúrio da lua que nos deixa enfeitiçados.
*
Permanecem na floresta dos meus receios,
Onde na sua matilha eu me fiz punir,
Entregando-me à lei,
Erguendo-me no orgulho dos meus anseios,
Julgando-me para não mais fugir.
*
2006 JMC in Punição

segunda-feira, 10 de março de 2008

Correntes



Não temo estas correntes por me prenderem,
Não são de aço frio ou de ferro temperado,
São torrentes sem fim, de começo inesperado,
São de ouro, de luz, de sempre por nos trazerem,
Presos no desejo acorrentado da liberdade,
São anéis que se perdem no ciclo da vida,
E a viagem sôfrega nos elos da nossa vontade,
Renascendo na mudança que nos foi oferecida.
*
São estas as correntes que nos ligam à infância,
Que nos fazem sorrir hoje pelos nossos passos,
Porto seguro onde os navios prendem a distância,
Onde nossos olhos descansam no acaso destes laços,
Uma lágrima sinto-a soltar-se, sem ter continuação,
Não existe nunca mais despedida, nem um adeus,
Se quebrar esta corrente, outra virá, outras serão,
Correntes que correm, que aqui ficam em traços meus.