domingo, 13 de julho de 2008

Abismo.


Agora calmo, no cadafalso,
Agora olho os últimos instantes,
Com Deus a cobrar-me a sorte,
Pelos braços do carcereiro, no percalço,
Rodeado de rostos inconstantes.
*
Se o céu agora chorar, eu chorarei,
E se os homens ficarem sentidos,
Com a minha pena inexistente,
Então sou réu que não calei,
Sorrirei aos demónios iludidos.
*
Tempo que não me chega tarde,
E não me sinto chamado,
Nem me sinto oferecido,
Acho-me sorte em tempestade,
Encontro-me a gritar calado.
*
E como quero acabar feliz,
Sem nunca ter sido indigente,
Alcançando o invisível,
Conhecendo o que não quis,
Sofrendo tão tardiamente.
*
Voltarei cavalgando o vento,
Sulcando os profundos oceanos,
Encarando o vosso medo,
Do abismal sofrimento,
Escondido nos vossos desenganos.
*
JMC In Contradição

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