Lembro-te com saudade,
De como eras livre.
Lembro-te no chilrear dos pássaros, De como eras meu na poesia,
De como eras adeus,
De quem só ficava, na margem.
De quem sozinho partia.
Lembro-te como eras amigo de quem sente,
Sede de ti, sede de viagem,
De como eras transparente
Nas tuas límpidas águas,
Que mais eram cristal,
De como eras verdade, como espelho, De como às vezes, poucas, eras fatal,
E afogavas em teu leito, as mágoas, Desamparadas sem ponte, sem conselho;
Lembro-te bem,
De homens em ti navegar,
De seres fronteira entre nações;
Lembro as tuas cascatas,
Entre as rochas a murmurar,
Segredos de amantes,
De seres a fonte de inúmeras canções,
Também me lembro de seres receio,
Das tuas águas a subir,
De alagares as terras
Do trigo e do centeio;
Lembro-me de ti a descer,
Por entre a vertigem das serras,
E acabares nas planícies
A espreguiçar teus braços;
Das ninfas que te namoravam,
Dos nenúfares à superficie,
Como jardins suspensos;
Lembro-me de seres amor e traição,
De ter raiva da tua limpidez,
De ser egoísta e querer-te só para mim,
Lembro-me de não ter razão,
Porque eras tu afinal de todos e de ninguém,
Querias correr e abraçar o mar,
Sempre soubeste, ser esse o teu fim.
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