terça-feira, 24 de março de 2009

Message in a bottle


Este ano pretendo lançar ao mar uma mensagem dentro de uma garrafa, como os antigos náufragos...
Para a maioria das pessoas pode ser uma ideia completamente disparatada, para mim não é! Pretendo, e já tenho uma ideia de enviar um texto com uma mensagem, só não sei se a vou dirigir a alguém em particular ou ao "mundo" em geral. Sei que corro o risco de cair no rídiculo, sei que a garrafa pode acabar por subir numa maré pelo rio Tejo acima e encalhar na porcaria do rio Trancão. Ou durante o Verão que se aproxima, eu estar a pescar numa qualquer praia do Alentejo e...
Enfim vou correr esse risco, até porque tal como de loucos, de náufragos todos nós acabamos por ter um pouco...e este mundo afinal com cada vez mais a aumentar a população deixa-nos tantas vezes sós...
Gostaria de saber se alguém quer "participar" dando-me uma ajuda a escolher o feitio e a cor da garrafa, a qualidade da rolha, outro tipo de mensagem e ou a quem gostariam de a dirigir.
Estive a estudar algumas corentes e marés e desde já vos digo que as probabilidades de a dita cuja ir parar países como a Venezuela, Cuba e Estados Unidos, são enormes...

sábado, 21 de março de 2009

Marc(a)dor


Desde sempre que tens estado aqui ao meu lado,
Caminhaste comigo sem eu por aqui te querer,
Não segui símbolos, crenças ou meras ideias,
Segues-me, ignorando que eu deixei o passado,
E marcas-me como se eu assim quisesse viver,
Dentro de mim, como sangue em minhas veias.
*
Vou por uma estrada que tem o tempo calado,
Atravesso um deserto, chão de areias vermelhas,
Os abutres flutuam no vento, silenciosos agora,
Esperam por um farrapo de um ferido soldado,
Enquanto se abeiram cínicas e sentinelas velhas,
Tenho de te acabar, eu tenho marcada uma hora.
*
Não vou deixar que venhas mais atrás de mim,
Vou trocar a máscara e esconder-me incerto,
Mesmo sabendo que a vida vá sem um retorno,
Ofereço a alma penhorada a quem me dê fim,
Talvez não desistas, talvez fiques por aqui perto,
Eu só quero saber se a morte aceita um suborno.
*
JMC In Redenção
O marcador do meu 3º livro

sexta-feira, 20 de março de 2009

Com' Out


Segundo um artigo no jornal Público da última sexta feira, a primeira e única revista em Portugal, dirigida explicítamente a um público homosexual, após 8 números mensais, foi suspensa pela sua editora.
A razão principal por esta decisão prende-se pelo facto de não existirem neste momento em Portugal verdadeiros apreciadores e compradores da citada revista.
Ao fim deste tempo de edição, mantinha fiel apenas 150 assinantes?!? e uma média mensal de 2000 vendas.
Outras razões ou justificações prendem-se com facto de nos pontos de venda, este público ter receio de se "mostrar".
Outra "deficiência" prendia-se com a sua distribuição não ser feita em centros de menos densidade populacional.
Aqui ao lado, em Espanha, a revista Zero, do mesmo carácter, tem uma tiragem de média mensal de cerca de 50000 Exs. Será que o velho ditado lusitano que afirma... de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos... ainda prevalece?
Deixo aqui algumas questões sobre este assunto.
A comunidade gay em Portugal, afinal ainda não saíu do "armário"?
Existem afinal, receios fundados que a descriminação ainda tem assim tanta força na sociedade portuguesa?
A Hilga e a Opus Gay afinal são dois clubes onde apenas se joga à sueca?
A parada, a que alguns se lembraram de chamar de PortuGays, afinal não passa de um corso de carnaval fora de época?
O chamado loby gay que muitos afirmam existir em Portugal, afinal não passa de mera ficção?
A crise que chegou a uma série de publicações também atingiu este público alvo?

terça-feira, 3 de março de 2009

Ausência.



Já não te reconheço neste lugar,
Nem à doce mentira da manhã,
Que me dizes na dor da tua traição,
Digo não ao teu absoluto desejo,
Redentor da tua mórbida ilusão.


É ávida a cobiça que te apraz,
E que nos consome a liberdade
De todos nós, eu que não fui capaz,
Do aviso, na minha voz dormente,
Feita silêncio contra a minha vontade.


São teus preferidos os incautos,
Os fracos que moram na inocência,
Os que lutam como teus arautos,
Libertando a revolta dos sentidos,
Apregoando a nossa inexistência.


Tens a vantagem de não sofrer,
Porque não sentes a noite a chegar,
Porque não alcanças a vida
Dos que bebem a sofreguidão,
E a ínfima vontade de não voltar.



Tens os teus demónios por soltar,
Chacais famintos por corpos caídos,
Tens sacerdotes para te absolver
Dos pecados que vamos encontrar,
No entretanto em que ficamos feridos.



JMC In Punição