segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Pouco


Negras sombras de um sol inexistente,

No porquê desse constante perseguir,

Estrelas quietas num céu cintilante,

Lágrimas surdas,

Num rosto de corpo inerte, a fingir.



*

Nocturno e inútil sentimento,

Que me atrai sempre a lugar nenhum,

Como estrela que cai do firmamento,

Sendo a lua testemunha,

Deste meu lado negro que me é comum.



*



O gélido mar da minha solidão,

Onde fui e sou solitário navegante,

Onde me perco na sua vastidão,

Onde me encontro,

À deriva do meu ser inconstante.



*



À névoa grito sem me ouvir,

Perdendo o destino e o sentido,

Vagueio sem lugar para ir,

Distante de mim,

Como se morresse sem ter vivido.



*

Como se fosse impossível este meu estar,

Como se outro pudesse haver,

E não estando, como poderei ficar,

Nesta imensidão,

Não tendo existido, como posso morrer?